Gestão da água e resíduos: pilares da sustentabilidade
Como economizar água e tratar rejeitos para evitar desastres.

A mineração é uma atividade essencial para a economia mundial, fornecendo insumos para indústrias como a de energia, construção civil, tecnologia e agricultura. Mas também é uma das que mais demandam água e produzem grandes volumes de rejeitos. Por isso, a gestão hídrica e de resíduos tornou-se um dos principais pilares da mineração sustentável.
Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), o setor mineral está entre os maiores consumidores de água no Brasil, principalmente em regiões como Minas Gerais e Pará, onde estão algumas das maiores minas do país. Ao mesmo tempo, a atividade gera resíduos que, quando mal geridos, podem levar a desastres ambientais, como o rompimento das barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) (Wikipedia – Mariana, Wikipedia – Brumadinho).
Esses episódios trágicos demonstraram que novos modelos de gestão são urgentes. A mineração sustentável, nesse contexto, busca adotar tecnologias e práticas que reduzam o consumo de água, melhorem o reaproveitamento de recursos e substituam sistemas de barragens de rejeitos por alternativas mais seguras.
Uso racional e recirculação da água
Um dos maiores avanços na gestão hídrica do setor é o uso em circuito fechado, em que a água utilizada na lavagem e no beneficiamento de minérios é tratada e recirculada dentro da própria operação. Esse processo pode reduzir em até 90% a necessidade de captação de água nova em rios e aquíferos, aliviando a pressão sobre ecossistemas locais (Armac – Mineração Sustentável).
Além disso, técnicas de filtragem avançada vêm permitindo separar água e sólidos com maior eficiência, de modo que a água recuperada possa ser reutilizada em outros processos industriais. Esse tipo de inovação é particularmente importante em regiões de escassez hídrica, onde a disputa por recursos entre mineração e comunidades locais tende a ser mais intensa.
Novos modelos de gestão de rejeitos
A gestão de rejeitos é outro ponto crítico. Por muito tempo, a solução mais comum foi armazenar resíduos em barragens. No entanto, tragédias recentes expuseram os riscos desse modelo. Em resposta, a legislação brasileira passou a proibir barragens a montante (Lei nº 14.066/2020), exigindo alternativas mais seguras.
Uma dessas alternativas é o empilhamento a seco de rejeitos, em que a água é separada do material descartado por filtragem, deixando apenas resíduos sólidos empilhados em estruturas estáveis. Além de reduzir o risco de rompimentos, essa prática permite recuperar parte da água usada e facilita a reabilitação da área após o fechamento da mina (Mineração Sustentável – Portal).
Outro avanço está no reaproveitamento de resíduos em outros setores da economia. Já existem projetos que transformam rejeitos de mineração em insumos para a construção civil, como cimento, blocos de pavimentação e materiais cerâmicos. Esse reaproveitamento contribui para a chamada economia circular, diminuindo o passivo ambiental e agregando valor a materiais que antes eram descartados.
Monitoramento e transparência
Não basta apenas implementar novas tecnologias: é essencial monitorar e divulgar informações. Hoje, o uso de sensores, drones e satélites permite acompanhar o comportamento de pilhas de rejeitos e reservatórios em tempo real, identificando possíveis riscos antes que eles se tornem emergências.
Esse monitoramento deve ser aliado à transparência. Empresas responsáveis publicam relatórios periódicos sobre a estabilidade de suas estruturas e os níveis de recirculação de água, permitindo que órgãos reguladores e comunidades locais acompanhem os resultados.
Benefícios da boa gestão de água e resíduos
As práticas sustentáveis de gestão de recursos hídricos e rejeitos trazem ganhos significativos:
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Reduzem riscos ambientais e sociais, evitando desastres que geram perdas humanas e econômicas.
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Melhoram a reputação do setor, aumentando a confiança da sociedade e dos investidores.
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Economizam custos operacionais, já que o reaproveitamento de água diminui gastos com captação e tratamento.
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Contribuem para metas de ESG, que são cada vez mais exigidas por grandes fundos de investimento.
Conclusão
A mineração não pode abrir mão da água nem da geração de resíduos, mas pode e deve repensar a forma como lida com eles. Recircular mais, descartar menos, monitorar melhor e inovar sempre. Esse é o caminho para que a atividade se torne cada vez mais segura, eficiente e sustentável.
Ao priorizar uma gestão responsável, o setor não apenas cumpre exigências legais, mas também garante a continuidade de uma atividade essencial para a economia e para o futuro das tecnologias verdes.