Recuperação de áreas degradadas: retornando ao verde
Reflorestamento e Agrofloresta: trazendo a biodiversidade de volta ao solo degradado.

A mineração, por natureza, modifica profundamente a paisagem. O processo de extração envolve a retirada de grandes volumes de solo e vegetação, além da construção de estruturas como cavas, barragens e pilhas de rejeitos. Isso gera áreas degradadas, que perdem sua capacidade de regeneração natural. No entanto, a legislação brasileira e os princípios de sustentabilidade exigem que essas áreas sejam recuperadas, devolvendo o uso do solo à sociedade e, sempre que possível, restabelecendo a biodiversidade original.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), a recuperação ambiental é hoje um dos compromissos centrais do setor mineral. Muitas mineradoras têm desenvolvido projetos que vão além da obrigação legal, criando iniciativas de reflorestamento, agroflorestas e monitoramento da fauna. Isso demonstra que é possível transformar antigos passivos ambientais em áreas produtivas ou de conservação.
Técnicas de recuperação ambiental
A recuperação de áreas mineradas pode seguir diferentes caminhos, de acordo com as características da região e os objetivos sociais e ambientais do projeto. Entre as principais técnicas, estão:
- Reflorestamento com espécies nativas:
Após a mineração, o solo degradado é preparado e recebe mudas de árvores nativas da região. O uso dessas espécies favorece a volta da biodiversidade, pois atrai animais e restabelece o ciclo ecológico. - Agroflorestas:
Em alguns casos, as áreas recuperadas passam a abrigar sistemas agroflorestais, que combinam árvores nativas com espécies agrícolas. Essa prática gera renda para comunidades locais, promove segurança alimentar e contribui para a fixação de carbono no solo. - Banco de sementes e regeneração natural:
Técnicas como a criação de bancos de sementes ou a proteção de áreas para regeneração natural permitem que a própria natureza recupere parte da vegetação, com monitoramento contínuo. - Reabilitação do solo:
Antes de plantar, é comum aplicar correções no solo, como calcário e adubos orgânicos, para melhorar a fertilidade e possibilitar o desenvolvimento de plantas.
Exemplos no Brasil
Um caso de destaque é o da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que mantém um programa de recuperação ambiental em Minas Gerais. A empresa investe em reflorestamento da Mata Atlântica e em práticas de recuperação de solo para agricultura, além de monitorar aves dispersoras de sementes e espécies regenerantes, que indicam a volta da biodiversidade. O projeto também apoia agricultores familiares que utilizam áreas reabilitadas para produção sustentável (CBA/IBRAM).
Outro exemplo é o da Vale, que tem a meta de recuperar 500 mil hectares até 2030, sendo 100 mil hectares de áreas degradadas. Parte desse trabalho é feita por meio de sistemas agroflorestais e programas de sequestro de carbono, em parceria com comunidades locais e organizações ambientais (Minax – Mineração Sustentável).
Além disso, empresas como Alcoa, Kinross e Nexa mantêm reservas naturais e participam de projetos de conservação, integrando a recuperação ambiental às estratégias de ESG.
Monitoramento da biodiversidade
Não basta plantar árvores: é preciso garantir que os ecossistemas voltem a funcionar. Por isso, a recuperação ambiental inclui o monitoramento da fauna e flora. A presença de espécies como pássaros, insetos polinizadores e pequenos mamíferos é um sinal de que a biodiversidade está retornando.
Alguns projetos utilizam drones e imagens de satélite para acompanhar o crescimento das florestas e avaliar se as espécies introduzidas estão prosperando. Esse tipo de monitoramento dá maior transparência ao processo e permite ajustes quando necessário.
Benefícios sociais e ambientais
A recuperação de áreas mineradas traz benefícios em diferentes dimensões:
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Ambientais: restaura a cobertura vegetal, protege nascentes, melhora a qualidade do ar e contribui para o sequestro de carbono.
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Sociais: pode gerar empregos em projetos de reflorestamento e apoiar comunidades com sistemas produtivos sustentáveis.
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Econômicos: áreas recuperadas podem ser usadas para agricultura, turismo ecológico e até para novos negócios sustentáveis.
Conclusão
A recuperação de áreas degradadas é um dos maiores desafios da mineração, mas também uma de suas maiores oportunidades. Ao transformar áreas exploradas em florestas, agroflorestas e espaços de produção sustentável, o setor mostra que é possível gerar valor mesmo após o fim da atividade mineral.
Mais do que cumprir obrigações legais, esses projetos reforçam o compromisso das mineradoras com a sociedade e com o meio ambiente. São passos fundamentais para que a mineração seja vista não apenas como uma atividade de extração, mas também como agente de restauração e conservação.